O ano de 2020 foi bastante propício para
que houvesse um diálogo sobre a importância do desenvolvimento de competências
socioemocionais e o cuidado com a saúde mental. Estamos vivendo um momento em
que novas habilidades são exigidas de todos nós a todo instante. No ambiente
escolar, que teve de se adaptar a uma nova realidade em um piscar de olhos,
isso fica ainda mais claro.
Para que possamos falar de aprendizagem
cognitiva e emocional, é preciso primeiro entender as diferenças entre esses
dois conceitos. Enquanto os aspectos cognitivos concentram-se na construção de
conhecimentos específicos e no conteúdo ensinado em sala, a aprendizagem
emocional foca na compreensão e no controle dos sentimentos.
A escola deve ter em mente que a saúde
emocional dos estudantes é tão importante quanto a aprendizagem cognitiva. Não
adianta espremer os alunos por resultados acadêmicos, é importante que haja um
equilíbrio. Os altos índices de depressão entre os jovens estão muito ligados à
cobrança nos estudos. A escola tem cada vez mais responsabilidade de ter um
olhar atento para isso.
A importância da aprendizagem
emocional
Um bom exemplo da falta de aprendizagem
emocional é o aluno que sabe o conteúdo ensinado na sala de aula, mas, na hora
da prova, não consegue controlar o nervosismo e a ansiedade. O impacto dessa
falta de controle emocional pode se manifestar lá na frente com problemas
comportamentais mais graves.
Com a pandemia, ficou ainda mais claro
que cada estudante tem necessidades e características próprias. Hoje, temos
modelos de famílias heterogêneos e alunos que vêm de diferentes situações econômicas,
emocionais e afetivas. Por isso, cada vez mais o olhar do professor deve estar
focado no individual.
O professor deve ter autoridade dentro
da sala de aula, mas é necessário haver equilíbrio na forma como lidamos com os
jovens. Cada vez mais as escolas estão abraçando essas responsabilidades de
ajudar o aluno no seu autoconhecimento. Agora, é preciso focar no emocional dos
estudantes, não apenas cobrar o conteúdo ensinado, a instituição deve estar
preparada para lidar com esse cenário.
Jovens e os desafios enfrentados na
atualidade
A sociedade atual e o uso incessante da
internet têm um grande impacto no comportamento desses jovens. As redes sociais
têm interferido muito no desenvolvimento moral dos jovens, que passaram a
enxergar o mundo de outra maneira. Isso acaba recaindo dentro da sala de aula
também. Por isso, as aprendizagens emocionais e cognitivas têm de andar juntas
e devem ter o mesmo peso no planejamento da escola.
Isso não quer dizer que devemos definir
quais são as aprendizagens emocionais que todos os alunos devem construir, mas
que precisamos ter um olhar mais focado no comportamento. O professor deve
ouvir e entender as necessidades dos alunos. Não existe uma receita pronta, mas
a escuta é um processo transformador.
A experiência e aprendizagem de outros
alunos também têm o potencial de auxiliar muito nesse processo. Os alunos podem
ajudar uns aos outros através de trabalhos, dinâmicas de grupos e outras
atividades que permitam aos estudantes encontrar soluções para dificuldades
enfrentadas. Essa é também uma boa oportunidade para que o professor possa
trabalhar a responsabilidade e a empatia com toda a turma.
Trazendo o foco para o
desenvolvimento de habilidade socioemocionais
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
já contempla a aprendizagem emocional em seu planejamento, tamanha é a sua
importância. Assim, consolida-se o papel da escola de formar alunos que não
apenas sabem o conteúdo da aula, mas que aprenderam também a lidar com seus
sentimentos.
Para trabalhar esse desenvolvimento
emocional, é preciso ter bastante carinho, zelo e tato com os estudantes. Esse
processo costuma ser mais fácil para escolas menores, que acabam tendo um
relacionamento muito mais próximo com as famílias.
Existem várias formas de incentivar o
desenvolvimento das habilidades socioemocionais com atividades e conversas que
ajudem os alunos a reconhecerem suas emoções e sentimentos. O professor é a
pessoa que passa mais tempo com os estudantes, é ele que vai mapear as
características e dificuldades da turma.
O papel da coordenação nesse processo
também é importantíssimo, já que é preciso estimular o corpo docente no
engajamento com os estudantes. Esse entendimento do comportamento de cada
indivíduo pode ajudar no momento em que haja uma mudança de turma, e que o
professor possa continuar o trabalho nos outros anos. A escola também pode
contar com o auxílio de um psicólogo ou um pedagogo nesse caminho.
Como podemos ver, a escola de hoje deve
ensinar para seus alunos não apenas português e matemática, mas também
responsabilidade e empatia. A verdade é que as instituições de ensino sozinhas
não resolverão todos os problemas emocionais desse jovem, mas cada vez mais
questões emocionais farão parte do dia a dia escolar.